Francis Kéré é o vencedor do Pritzker Architecture Prize 2022
O arquiteto é o primeiro negro a ser reconhecido pelo prêmio, que equivale ao Nobel da arquitetura
Arquiteto, educador e ativista social, Diébédo Francis Kéré – mais conhecido como Francis Kéré – é o vencedor do Pritzker Architecture Prize 2022.
Nascido em Gando, Burkina Faso, na África, o profissional possui trabalhos principalmente em seu continente natal – em países como a República do Benin, Burkino Faso, Mali, Togo, Quênia, Moçambique, Togo e Sudão -, mas também assinou pavilhões e instalações na Dinamarca, Alemanha (onde vive parcialmente), Itália, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.
“Espero mudar o paradigma, levar as pessoas a sonhar e arriscar. Não é porque você é rico que você deve desperdiçar material. Não é porque você é pobre que você não deve tentar criar qualidade. Todo mundo merece qualidade, todo mundo merece luxo e todo mundo merece conforto. Estamos interligados e as preocupações com o clima, a democracia e a escassez são preocupações de todos nós”, Francis Kéré explica. Ele é o primeiro negro a ser reconhecido pelo prêmio, que equivale ao Nobel da arquitetura.
O filho mais velho do chefe da aldeia, o arquiteto foi o primeiro da sua comunidade a frequentar a escola. “Lembro do quarto onde minha avó se sentava e contava histórias com um pouco de luz, enquanto nos acomodávamos e sua voz dentro do quarto nos envolvia, nos convocando a chegar mais perto e formar um lugar seguro. Este foi o meu primeiro sentido de arquitetura“, conta.
Sua história e experiências fazem parte dos projetos que cria. Um tema recorrente é a tradição de se reunir sob uma árvore sagrada para trocar ideias, narrar histórias e celebrar.
Entre seus edifícios mais famosos, está a escola Gando Primary School, em sua cidade natal. Nela, Francis Kéré contornou calor extremo e más condições de iluminação com argila indígena fortificada com cimento para formar tijolos com massa térmica bioclimática, teto de tijolos e telhado amplo, saliente e elevado. Com recursos limitados, investimento internacional e oportunidades para a comunidade local, o projeto foi bem sucedido: o número de alunos aumentou de 120 para 700.
“Francis Kéré empodera e transforma comunidades por meio da arquitetura. Através de seu compromisso com a justiça social e engajamento, e uso inteligente de materiais locais para conectar e responder ao clima natural, ele trabalha em países marginalizados carregados de restrições e adversidades, onde arquitetura e infraestrutura estão ausentes”, diz o Pritzker. “Construindo instituições escolares contemporâneas, unidades de saúde, habitação profissional, edifícios cívicos e espaços públicos, muitas vezes em terrenos onde os recursos são frágeis e o companheirismo é vital, a expressão das suas obras ultrapassa o valor de um edifício em si“.
Esta não é a primeira premiação do arquiteto, que já venceu prêmios como o Cité de l’Architecture et du Patrimoine (2009), o BSI Swiss Architectural Award (2010), o Global Holcim Awards Gold (2012, Zurich, Switzerland), o Schelling Architecture Award (2014); o Arnold W Brunner Memorial Prize, e o Thomas Jefferson Foundation Medal (2021).
Além disso, Francis Kéré foi professor visitante na Harvard University Graduate School of Design (Massachusetts, Estados Unidos), na Yale School of Architecture (Connecticut, Estados Unidos), e ocupa a cadeira inaugural de Architectural Design and Participation na Technische Universität München (Munique, Alemanha) desde 2017. Ele também é membro honorário do Royal Architectural Institute of Canada (2018) e do American Institute of Architects (2012), e é membro oficial do Royal Institute of British Architects (2009).
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