A importância de Lina Bo Bardi
A arquiteta, designer, cenografista, artista e crítica é referência mundial e assina alguns dos edifícios mais famosos do Brasil
No Dia Internacional da Mulher (8/3) do ano passado, Lina Bo Bardi (1914-1992) foi a primeira brasileira a ser reconhecida pelo Leão de Ouro Especial, pelo conjunto de sua obra, entregue in memoriam (postumamente) na La Biennale di Venezia de 2021.
A arquiteta, designer, cenografista, artista e crítica é referência mundial quando falamos de arte, museu e arquitetura e, apesar de não ter nascido no Brasil, é uma das principais profissionais da história do nosso país, responsável por projetos como a Casa de Vidro (Instituto Bardi), o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Solar do Unhão (Museu de Arte Moderna da Bahia), o SESC Pompéia – eleito um dos dez melhores prédios de concreto do mundo -, e o Teatro Oficina, um de seus últimos.
Nascida em Roma, Achilina di Enrico Bo Bardi – Lina Bo Bardi – era filha de um engenheiro, construtor e pintor, e desde cedo se destacava no campo das artes. Terminou seguindo a carreira, se formando no Liceu Artístico, e foi uma das poucas mulheres a estudar na Facoltá di Architettura da Università degli Studi di Roma.
Imersa no mundo da arquitetura, fundou o estúdio Bo e Pagani, com o arquiteto Carlo Pagani, e realizou trabalhos para o escritório de Gio Ponti, famoso arquiteto e designer italiano. Durante a Segunda Guerra Mundial, começou a se aventurar por jornais e revistas, co-fundando e colaborando com algumas publicações.
Em 1946 se casou com Pietro Maria Bardi, jornalista, historiador, crítico, colecionador, expositor e negociador de obras de arte. Juntos, acreditaram na perspectiva de prosperidade das artes e da arquitetura no Brasil e se mudaram para o Rio de Janeiro.
Não demorou muito e a dupla se viu em São Paulo, convidados pelo jornalista, empresário e político Assis Chateaubriand para fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo (MASP), que na época funcionava na Rua 7 de Abril.
Ao lado de Pietro, o arquiteto Giancarlo Palanti e Valeria Piacentini Cirell, criou em 1948 o Estúdio de Arte Palma, dedicado ao projeto e desenho de mobiliário moderno e industrial. Também com seu marido fundou e dirigiu a revista Habitat, que se definia como a “revista das artes do Brasil”.
Em 1951, se naturalizou brasileira e finalizou sua primeira construção: a Casa de Vidro. Hoje conhecido como o Instituto Bardi, a casa foi a residência de Lina e Pietro, e foi a primeira residência construída no bairro do Morumbi, em meio a Mata Atlântica. No mesmo ano, o casal fundou o Instituto de Arte Contemporânea, uma das primeiras iniciativas de ensino de design no Brasil.
Depois de atuar como professora de Teoria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), e de começar os estudos para a nova sede do MASP na Avenida Paulista (inaugurada em 1968), foi convidada para fundar e dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), e se mudou para Salvador. Na cidade, restaurou o Solar do Unhão e a sua adaptação para receber o museu.
Em 1964, ano do golpe militar, voltou à capital paulistana e passou a se dedicar majoritariamente à cenografia, colaborando na peça Na Selva das Cidades e nos filmes Prata Palomares e Gracias Señor de Flávio Império.
Lina voltou à cena arquitetônica em 1977, com o projeto do SESC Pompéia, inaugurado em 1982. O projeto seguinte foi o da sede do Teatro Oficina, iniciado em 1984 e inaugurado em 1994. Em 1986 foi convidada pela Prefeitura de Salvador para desenvolver a recuperação do centro histórico da cidade. Ali, também assinou o Teatro e Fundação Gregório de Mattos, a Casa do Benin (no Pelourinho), a recuperação das encostas da ladeira da Misericórdia e a Casa do Olodum.
Depois de uma carreira tão rica e plural, em 1990 começou seu último projeto: a nova sede do Palácio das Indústrias para a Prefeitura de São Paulo. No mesmo ano, Lina e Pietro fundaram o Instituto Quadrante (hoje Instituto Bardi/Casa de Vidro) para “desenvolver atividades culturais e estudos relacionados com a história da arte e da arquitetura”. Lina foi vice-presidente até seu último ano de vida, em 1992.
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